Torneiras de seda de uma aranha
- Luiz Cincurá
- há 2 dias
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Uma fotografia microscópica das torneiras de seda de uma aranha revela um dos sistemas biológicos mais sofisticados da natureza. São estruturas microscópicas, invisíveis individualmente a olho nu, embora as fiandeiras que as abrigam possam ser observadas em algumas espécies.

Fonte: Microscopic images @microscopicture
As torneiras de seda (ou fiandeiras) localizam-se no abdômen da aranha e funcionam como microválvulas altamente especializadas. Cada uma delas está conectada a glândulas distintas, responsáveis pela produção de diferentes tipos de seda, com propriedades físico-químicas específicas. Dependendo da necessidade — construção da teia, captura de presas, locomoção, proteção dos ovos ou fuga — a aranha seleciona e combina essas sedas com notável precisão.
Do ponto de vista científico, o que torna essa estrutura especialmente fascinante é que a seda não sai pronta: ela é liberada em estado líquido e, ao atravessar os canais microscópicos das torneiras, sofre mudanças controladas de pH, íons e alinhamento molecular. Esse processo transforma a proteína líquida em um fio sólido extremamente resistente e elástico.
Curiosidade científica
Uma única aranha pode produzir até sete tipos diferentes de seda, e o diâmetro dos fios liberados pelas torneiras pode ser inferior a 1 micrômetro. Essa engenharia natural tem inspirado pesquisas em áreas como biomateriais, medicina regenerativa, suturas cirúrgicas, fibras têxteis de alta performance e engenharia aeroespacial.
Fontes:
FOELIX, R. F. Biology of Spiders. 3. ed. Oxford: Oxford University Press, 2011.(Obra clássica e amplamente utilizada sobre anatomia, fisiologia e comportamento das aranhas, incluindo descrição detalhada das fiandeiras e tipos de seda).
VOLLRATH, F.; KNIGHT, D. P. Liquid crystalline spinning of spider silk. Nature, v. 410, p. 541–548, 2001.(Estudo seminal que explica a transformação da seda líquida em fibra sólida durante a passagem pelas torneiras).
VOLLRATH, F.; PORTER, D. Spider silk as a model biomaterial. Applied Physics A, v. 82, p. 205–212, 2006.(Analisa as propriedades mecânicas da seda e sua relevância para biomateriais).
SAHNI, V.; BLACKLEDGE, T. A.; DHINOJWALA, A. Viscoelastic solids explain spider web stickiness. Nature Communications, v. 1, 2010.(Aborda a diversidade funcional das sedas produzidas pelas aranhas).
HAYASHI, C. Y.; SHETTY, A. C.; LEWIS, R. V. Molecular and mechanical characterization of aciniform silk. Biomacromolecules, v. 5, n. 3, p. 1065–1073, 2004.(Discute diferentes tipos de seda produzidos por glândulas específicas)




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